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UMA CARTA PARA O CASAGRANDE

Meu caro Casagrande, como vai? Não curto muito futebol mas sempre tive uma enorme simpatia por você, provavelmente por se declarar "roqueiro" em suas entrevistas do tempo de futebolista. Porém, volta e meia, eu vejo você afirmar na mídia que "roqueiro conservador ("reacionário", você fala) nunca foi roqueiro". Quando você diz isto, você também está afirmando que Little Richard, Jerry Lee Lewis, Elvis Presley, Ted Nugent, o vocalista do Metallica e tantos outros artistas que combinaram rock and roll e posições conservadoras, não seriam roqueiros. E tudo isto você diz apenas porque os tais roqueiros "reacionários" não comungam das mesmas ideias que você. Devo dizer, meu amigo Casagrande, que não sou um "roqueiro conservador" ou sequer um "roqueiro progressista". Na verdade, eu nem sei se posso ser chamado de roqueiro porque ser roqueiro, para mim,  é uma coisa meio fascista, de querer impor seu gosto musical, suas ideias, seu st
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A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE XVIII (FINAL) - HERE TODAY, GONE TOMORROW.

E m 2006 meu casamento havia chegado ao fim, tinha feito um punhado de canções mais maduras e até mesmo mais melancólicas e nada do que eu escrevia parecia muito se encaixar no repertório da LP & Os Compactos. Por outro lado, a banda continuava sem baterista e agora também sem baixista, já que Stephen havia expressado firmemente o desejo de permanecer definitivamente com o seu outro instrumento, a guitarra. N esta época, finalmente cedemos ao pedido daquele a quem chamávamos de "Viúva Porcina" - o músico que desde o início da banda queria ter sido o baterista - e o testamos, mas o resultado não foi bom. Encontramos também um guitarrista de  heavy metal e Stephen retornou brevemente ao baixo, mas também não deu muito certo. Charge por Daniel Figueiredo E u, por outro lado, já estava cansado de tanto esforço em vão, sem ter o reconhecimento devido da mídia local, com pouca compensação financeira e com essa enorme dificuldade de encontrar músicos para tocar na única banda fe

A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE XVII - O AMOR É SURDO.

  A s gravações do segundo disco da LP & Os Compactos ocorreram em 12 de junho de 2015. Foram marcadas em um grande estúdio da cidade e foram financiadas pelo musico Beto Pitombo, tio do vocalista. Não houve nenhum pré-ensaio pois Douglas Cerqueira, o baterista menor de idade, estava proibido pela mãe de ensaiar ou tocar por ter tirado baixas notas na escola. Não adiantou apelar para o bom senso da sua genitora. Ela não permitiria que o filho tocasse e pronto. N ão me recordo do artifício utilizado para tirar o baterista de casa mas começamos as gravações com ele logo pela manhã. Passamos as 12 músicas para que ele gravasse a bateria e o levamos de volta para casa. Bateria gravada, era hora de gravar os outros instrumentos. Lá pelas uma da manhã do dia seguinte concluímos os trabalhos. O Amor é Surdo foi pensado para sedimentar a nossa evidente posição de melhor banda da cidade mas deu tudo relativamente errado. O problema com o baterista, uma mixagem equivocada, um candidato a pr

LEMBRANÇAS DE WILSON EMÍDIO.

E sta é uma história sobre rock e amizade. Não importa muito se você nunca ouviu falar de  Wilson Emídio.  Certamente, se você gosta das duas ou de uma das coisas - rock e fazer amigos - , você vai gostar do que vai ler aqui. E m 1984, eu tinha uma banda de rock chamada Censura Prévia. Ensaiávamos na sala de estar de minha casa, assim como os Talking Heads ensaiavam na sala de estar do David Byrne no início da carreira. Tanto que, ao ver aquelas fotos do disco duplo ao vivo da banda  nova-iorquina,  me remeto imediatamente àqueles tempos. E, por mais incrível que possa parecer, nós tínhamos duas fãs. Eram duas vizinhas que não perdiam um ensaio, sentadas no sofá enquanto se balançavam, fazendo coreografias, rindo muito e tomando refrigerante. Um dia elas resolveram criar  um fã-clube para o nosso conjunto amador. Na verdade, elas mandaram uma carta para a revista Rock Stars,   uma publicação de quinta categoria, mas baratinha e acessível aos quebrados  financeiramente como nós. D emoro

A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE XVI - GAROTO DE PLUTÃO

S e a primeira versão da LP e Os Compactos pendia mais para o rockabilly, a segunda - com o guitarrista Sidarta e o baterista Douglas  - estava muito mais para um combo punk/new wave. E foi com isso em mente que eu comecei a preparar as canções de "O Amor é Surdo", o disco. Ressuscitei uma canção de meu antigo grupo, Traidores do Movimento, chamada "Cinema de Arte" (já havia feito isso no primeiro disco com "Nasci Para Comer"), retirei uma frase que continha um palavrão ("Cinema de arte é coisa de viado" trocada por "Cinema de arte só de arte marcial") e acrescentei mais uns versos. " C inema de Arte" tem uma história curiosa: Foi feita para um amigo que só gostava de filme "cabeça" e criticava duramente o meu gosto cinematográfico. Fiz esta música em 1991, em homenagem a ele - quase como um insulto -  e ele, de fato, por pouco não se tornou meu inimigo por causa dela. Quando saiu o CD da LP , o amigo comprou seu exe

A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE XV - ROCK DA OVERDOSE.

Z é Mário estava verdadeiramente encantado com o que ele mesmo chamava de "minha melô", o  seu "Rock Da Overdose". Mas não deixou de aprontar. Convidou um amigo para assistir  um  ensaio - uma lendária figura do rock local - e disse para ele que eu tinha feito uma  música em sua homenagem. O artista foi para o ensaio, todo pimpão,  esperando uma letra que o enchesse de elogios e encontrou um texto ácido e irônico. Saiu do ensaio me xingando e querendo brigar comigo e eu, nem ao menos, sabia a razão. Quando a lenda viva do rock feirense se foi, o  nosso vocalista nos  contou, aos risos, que disse ao rocker que eu havia feito "Rock da Overdose" como uma homenagem a ele. M as não há nada ruim que não possa piorar. Pouco depois da visita dele eu resolvi incluir uma intro hard rock no tal rock da overdose. O show em que a música seria tocada pela primeira vez ocorreria na UEFS, a universidade estadual local, em uma apresentação conjunta justamente com a banda d

A HISTÓRIA DA LP & OS COMPACTOS PARTE XIV - PIOR SEM ELE.

E u não me lembro bem de como foi e qual foi o último show com Ítalo mas lembro muito bem de como encontramos Douglas Cerqueira e vimos nele o baterista ideal para substituir o nosso Pete Best baiano.  Para variar, era mais um menino, que não tinha mais do que 14 anos na época. Stephen estava estudando em um colégio elitista da cidade e havia uma espécie de festival promovido pela instituição. Eu e Zé Mário fomos assistir ao festival  pois Stephen iria se apresentar. Eis que, quando aquele garoto com cara de invocado e camiseta dos Ramones começou a tocar, vislumbramos nele a solução de todos os nossos problemas percussivos. Ledo engano. Mas esta é uma história para mais adiante. Í talo continuava a faltar ensaios. Um dia, fomos em comitiva até a sua casa e o comunicamos da sua dispensa. Ele não recebeu a notícia muito bem e por muitos anos ficamos sem nos falar, ou, ao menos, com as relações estremecidas. Um dia, anos depois, Ítalo apareceu no meu trabalho. Andou de um lado da outra n